:: Resumo do Projecto e Espécies Alvo
Os mares dos arquipélagos das Açores, Madeira e Canárias constituem o habitat privilegiado para diversas espécies de cetáceos.
| | Legenda |
|
Algumas espécies (baleias de barbas) utilizam temporariamente o mar destes arquipélagos nas suas migrações anuais Equador - Polos e vice-versa. Por outro lado espécies como o cachalote (Physeter macrocephalus), a baleia piloto tropical (Globicephala macrorhynchus), o roaz corvineiro (Tursiops truncatus) e o golfinho malhado do Atlântico (Stenella frontalis) utilizam as águas dos arquipélagos macarronésios regularmente, podendo ser residentes permanentes desta área.
Os três arquipélagos constituem áreas de alimentação, reprodução e socialização para as quatro espécies, e são, portanto, consideradas importantes para a sua conservação. O facto destas espécies apresentarem movimentos migratórios pouco conhecidos que vão muito para além das águas de cada arquipélago (apesar da existência de grupos com residência anual nas Canárias e pelo menos sazonal na Madeira e Açores) leva nos a colocar a hipótese das águas destes arquipélagos serem partilhadas por uma única população de cada uma das espécies acima mencionada.
O conhecimento da estrutura populacional e dos movimentos dos diferentes grupos de animais de cada uma destas espécies é de importância fundamental na definição da estratégia de gestão (incluindo a gestão da actividade turística de “Whale-watching” e “dolphin-watching” existente nos três arquipélagos) e na conservação das mesmas.
Os cetáceos gozam actualmente de legislação regional, nacional e internacional, designadamente, a Convenção de Berna, Bona e Washington, que se aplicam de forma particular ou em termos gerais as espécies aqui consideradas.
| | Legenda |
|
Apesar da Rede Natura 2000, na sua componente de áreas marinhas, contemplar uma pequena parte do habitat destes cetáceos, a escala de movimentos e área de distribuição das populações destas espécies é tão grande que medidas de conservação especiais (integradas) devem ser contempladas na sua gestão e conservação. Assim pretende-se com este projecto estudar a estrutura populacional, a distribuição, os movimentos locais, regionais e inter-regionais destas quatro espécies na macarronésia, bem como a forma como estes animais utilizam o seu habitat.
A escolha das quatro espécies alvo obedece a critérios científicos e conservacionistas. Assim, o cachalote é uma espécie oceânica com vasta distribuição e de grande interesse cultural e económico para a Região dos Açores, uma vez que é a espécie preferida pela actividade de “whale-watching”; a baleia piloto tropical é a principal espécie alvo da actividade de “whale-watching” na Região das Canárias; o roaz é uma das duas espécies de cetáceos que figuram no Anexo II da Directiva Habitats e que requer a designação de áreas especiais de conservação; o golfinho malhado é uma das espécies mais abundantes na região Macarronésica.
| | Legenda |
|
Este projecto pretende utilizar e desenvolver diferentes métodos de investigação, combinando uma técnica vulgarmente utilizada e cuja eficácia já foi anteriormente comprovada (foto-identificação), com técnicas avançadas e inovadoras (genética populacional, acústica e marcação por transmissores rádio e satélite).
A identificação individual com base em marcas e características naturais (foto-identificação) fornecerá informações sobre a distribuição, movimentos e utilização do habitat dos indivíduos. A acústica será utilizada no estudo da distribuição. As técnicas de genética molecular contribuirão para solucionar as questões da estrutura populacional, ao fornecer dados sobre as relações genéticas entre as diferentes populações (proximidade e fluxo genético). Os marcadores de rádio e satélite permitirão conhecer os movimentos em pequena e larga-escala dos indivíduos, possibilitando inferir sobre a distribuição e padrões de migração entre as diferentes populações.
O projecto contempla 15 acções que podem ser agrupadas da seguinte forma:
• 3 reuniões de coordenação (administrativo/financeiras);
• 3 workshops - o primeiro para compilação e comparação dos dados existentes e preparação dos trabalhos de mar e selecção de equipamentos, o segundo para definição dum protocolo conjunto de trabalho entre os três arquipélagos e o terceiro para análise final dos resultados do projecto;
• 265 dias de trabalhos de mar (nos três arquipélagos) – com saídas para foto-identificação e recolha de amostras para estudos genéticos; colocação de transmissores VHF/TDR’s e seguimento dos animais; e uma campanha de mar conjunta com técnicos dos três (são apresentadas em anexo mais informações relativamente às metodologias e técnicas a utilizar no projecto).